In the last days before the October 1 vote, the Brazilian electoral process was shaken again by the latest event in a string of scandals tainting the ruling Workers Party (PT). The PT has been accused of paying 1.7 million reals (790,000 dollars) for a smear campaign that attempted to implicate the candidates of the opposition Brazilian Social Democracy Party (PSDB) in the corruption scandal that has been under investigation by Congress. The handover of a dossier of the information was ultimately prevented by Federal Police.
As opinion polls show Lula winning in the first round with the necessary absolute majority of votes, the media are suggesting that the dossier was intended to help the PT candidate beat Sao Paulo state governor Jose Serra. But the plot seems to have backfired, giving further ammunition to those who blame the president for such corruption. Lula has firmly denied any involvement in the scheme and is demanding that the Federal Police go deep into the investigation. Since many aspects of the situation remain obscure, the case has drawn a fierce battle over different versions and narratives about the scandal within both the traditional media and the blogosphere. While Lula's supporters blame the media, his antagonists are celebrating the opportunity to revile the popular Brazilian president at a crucial moment.
A crise política detonada pelo envolvimento de petistas na compra de um dossiê contra José Serra está seguindo um roteiro óbvio, cumprido ao pé da letra pela maior parte da mídia, mas também há um outro roteiro, “alternativo”, que começou a ganhar espaço nesta quinta-feira (21). O primeiro roteiro tem como próxima cena a revelação sobre a origem dos R$ 1,7 milhões encontrados com os petistas em um hotel de São Paulo. A Polícia Federal já sabe quais foram as agências bancárias que liberaram o dinheiro, mas os nomes dos titulares das contas ainda permanecem sob sigilo. Dependendo dos resultados dessa investigação, outros petistas e membros do governo Lula podem ir para a berlinda… Mas há também um roteiro “alternativo” para a crise. “Alternativo” porque foi deixado de lado pela maior parte da mídia, mas que tem potencial suficientemente grande para causar estragos nas candidaturas do PSDB. A Polícia Federal, parte da imprensa e parlamentares da CPI dos Sanguessugas investigam as relações da família Vedoin com o tucano Barjas Negri, ex-ministro da Saúde na gestão de Fernando Henrique Cardoso, e ligado a José Serra.
Quem pagou pelo dossiê? – Partido de Oposição Permanente
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, costuma falar pouco. Sorte nossa. Dos ouvintes. Não faz tempo, Lula comparou-se ao próprio Cristo, num palanque macabro em que exercitou a transubstanciação a seu modo: disse que seu sangue e suas células estavam espalhados no povo. Ontem, em Nova York, onde participaria de uma reunião no Fed, Dilma comparou o PT, que tem 26 anos, à Igreja Católica, que tem quase 2 mil. Assim como esta teria errado e se corrigido, também o partido comete os seus deslizes. O petismo, como se vê, é uma religião. Acho que entendi o que ela quis dizer: quando não estava no governo, o partido era, assim, uma espécie de Tribunal do Santo Ofício, pronto para mandar para a fogueira todos os hereges que não comungavam de sua retidão teológica. Ao chegar ao governo, optou por ser um daqueles curas de Eça de Queirós. Até o pecado da simonia, a venda do perdão, o partido de Lula praticou.
O PT, a ética, a moral e os católicos – Reinaldo Azevedo
One interesting aspect that must be stressed is that the whole case was made public by the Federal Police, which is a government agency under the Ministry of Justice. Its effectiveness in unveiling crimes committed by PT members has been part of Lula's modus operandi of transparency, contrasting his government's stern posture toward its own misconducts with the actions of former presidents who would be quick to reach for damage control and cover up any situation that could menace their credibility.
“Não faz mais do que a obrigação”, dirão alguns com escárnio. Nesse país em que se faz tão menos que a obrigação, é admirável, sim, que a PF tenha tanta eficiência e discrição na condução de seus trabalhos de investigação, e presteza e independência na apresentação de resultados. A revelação, por parte de um órgão ligado ao governo do PT, da participação no crime por parte de no mínimo duas pessoas ligadas ao partido, neste momento crucial do processo eleitoral, é algo sem paralelo na história do Brasil. E, arrisco dizer, raro até em outros lugares do mundo. Ainda há esperança – palavra de que não gosto… – de que este país atinja um patamar mínimo de civilização, quem sabe, antes do fim do século 21.
Desgosto, orgulho, desgosto – Desabafo Brasil
The insistence of the media in considering the dossier scandal as an opportunity for invalidating Lula's run to reelection has generated strong rebuttal from the blogosphere. Many recently published articles are suggesting similarities between the present situation and Nixon's Watergate scandal. Bloggers respond.
O Estadão a cada dia, nos seus títulos, mostra o seu posicionamento. Hoje, dois deles chama a atenção: “Dossiê Vedoin provoca crise entre Poderes e contamina economia” e “Nixon ganhou eleição, mas caiu”. No primeiro caso, houve uma tentativa de atacar duas coisas fundamentais, a estabilidade institucional e a economia – esta, aliás, um dos grandes sucessos do governo Lula. O segundo é mais explícito, pois, ao lembrar o caso Watergate, estão investindo em uma linha auxiliar para o golpe.
Pesquisas mostram que o povo está com Lula – Blog do Zé Dirceu
Em todo o imbróglio, a imprensa simplesmente abandonou a denúncia sobre a máfia dos sanguessugas e tratou o caso da compra de um dossiê como se fosse o estupro de uma criança de 4 anos. Onde está o crime, não visto até agora por ninguém exceto pelos mesmos de sempre? Os exemplos do papel lamentável da imprensa são legião, mas assistam esse vídeo da entrevista da TV UOL com o Presidente do TSE, Marco Aurélio Mello. A primeira pergunta do repórter já deixa claras as intenções: o que precisa acontecer para que a candidatura de Lula seja impugnada? A pergunta é tão vergonhosa e tendeciosa que o próprio repórter engasgou e sentiu a necessidade de inserir um “ou não” depois do subjuntivo do verbo “ser.”
Contra o golpismo, desta vez com ponderação – O Biscoito Fino e a Massa
Enquanto os dois lados do cabo-de-guerra-eleitoral disputam se o mais grave é a compra de documentos de acusação ou a acusação em si, a Fundação Getúlio Vargas publicou um outro dossiê. Este aponta uma queda significativa da pobreza no Brasil de 2003 para cá. A imprensa brasileira não publicou nada (ou quase), pois faz turbilhão só com o que lhe interessa…
Dossiês, dossiês: A queda da pobreza não atinge a mídia – Vírgula-Imagem
Even PT supporters are ready to admit that the political situation in Brazil has reached an unbearable point. The inflamed debate in the election campaign is intensifying the antagonism between factions, and by now it seems difficult to imagine how the parties will manage to promote the needed political dialogue after elections. It seems clear also that interests particularly related to the contest for state governor in Sao Paulo — the richest state — are being radiated to the rest of the country.
Dias atrás, falei da minha decepção em relação ao PT. Surgia, até 2002, como partido de verdade e no poder mostrou-se igual a todos os demais. Assistimos, agora, a esse novo caso relacionado com um certo dossiê cuja autenticidade quem sabe esteja além da dúvida. À decepção causada por comportamentos inadequados para uma agremiação política séria, compenetrada do seu papel e autenticamente envolvida com os interesses do país, junta-se a percepção de uma incompetência clamorosa por parte de segundos escalões, e talvez primeiros. É possível que nem mesmo esse novo caso altere o resultado final da eleição. Ainda assim, aqueles que urdiram esse lamentável enredo exibem uma falta de tino político de todos os pontos de vista assustadora. A eleição de Lula estava garantida, e provavelmente ainda está. Mas por que correr o risco de comprometê-la? Por que oferecer tanta munição ao tucanato e aos seus aliados? Por que beneficiar a mídia com um prato tão cheio?
A decepção e a incompetência – Blog do Mino
Tucanos ou petistas, não importa. Estamos no meio de uma guerra paulista. PT e PSDB são partidos paulistas, dedicados a uma guerra assassina, movidos por motivos paulistas e tentando exportar esta guerra para todo o país… Consumidos num fogo interno, petistas e tucanos, paulistas, devotados a assuntos paulistas, destruindo-se mutuamente, exportam para todo o país esta guerra paulista. O restante do Brasil não compreende direito, não aceita ser um simples espectador desta guerra paulista. Embora esteja pagando a conta.
Ecos de uma guerra paulista (por Lucia Hippolito) – Blog do Noblat
São tantos “cumpanheiros” com a cabeça decepada, membros amputados de um corpo disforme, que nunca como agora a palavra “partido” teve tanto significado. Só que as células que sobreviveram à infecção generalizada que tomou conta do PT, ao invés de se unirem para providenciar a cura com urgência, preferem disparar xingamentos à esmo contra a mídia e os adversários (aliás, ambos não modelos de sanidade nem de santidade, registre-se). A dose da anestesia geral chega a um nível alarmante. Do tamanho da popularidade do sorriso botox do presidente.
ANESTESIA GERAL – Blog do TAS
O episódio do dossiê Vedoin mostra, claramente, um PT em pedaços. As demissões dos presidentes da campanha de Lula à presidência, de Aloizio Mercadante ao governo São Paulo, é clara evidência do racha.Do lado do PSDB o quadro não é melhor. Há um conjunto de tucanos, liderados por Fernando Henrique Cardoso, que só conseguirá sobreviver em ambiente de guerra. Uma outra ala, liderada por Aécio Neves –e que certamente contará com o apoio de Geraldo Alckmin após as eleições—aposta em uma disputa política civilizada. O terceiro grande nome do partido, José Serra, ainda está quieto, sem definir publicamente qual será sua posição. Neste momento, está propenso à guerra. Baixada a temperatura das eleições, poderá repensar sua estratégia. Tem-se, portanto, em crise os dois principais partidos políticos brasileiros formados na redemocratização. O PT perdeu-se nessa estratégia guerrilheira aloucada; o PSDB, nessa ceia de cardeais definindo, sem consulta alguma, os candidatos do partido. Vinte e um anos após o início efetivo da democracia civil, o país não conseguiu consolidar um sistema partidário digno do nome. Daí a relevância da reforma política, assim que começar o próximo governo, seja quem for o vencedor.
Sem partidos – Luis Nassif